fundação brasileira de teatro
A Fundação Brasileira de Teatro está criada para servir o Teatro. Não ignoro as lutas que vão ser lutadas, nesta hora de confusões e imprevistos. Mas pela força de nossa mútua crença nos ideais que defendemos; de nossa solidariedade nos momentos graves; pela troca e pela dádiva do que houver de melhor em nós mesmos, preservaremos esse ideal que sobreporemos a todas as confusões, a todos os imprevistos. Acreditamos no sonho que se concretiza, no ideal que se faz ação e obra.
Dulcina de Moraes, 1955, aula inaugural da Academia Brasileira de Teatro
A Fundação Brasileira de Teatro visa ao desenvolvimento do Teatro Brasileiro e das Artes, especialmente no seu aspecto educacional e terá como principais finalidades:
I. Interpretar o pensamento, as aspirações, os reclamos e a expressão cultural e artística do Teatro Brasileiro.
II. Preservar a dignidade profissional do Teatro no Brasil. (Art. 6º da Estatuto da Fundação Brasileira de Teatro)
A luta de Dulcina de Moraes e Odilon Azevedo pela criação de um espaço de organização da profissão de artista no Brasil data de 1936, quando os dois se uniram a outros pensadores das artes para assembleias em prol da criação do que viria a ser o ensino superior em arte no país.
Em viagem a Buenos Aires na década de 1940, Dulcina conheceu um espaço chamado Casa de los Artistas, que servia como ponto de apoio para a classe. A atriz e produtora quis trazer uma ideia semelhante ao Brasil. Em 1946, formou com Odilon a Associação Brasileira de Teatro, o embrião do trabalho que vigora até hoje. No Rio de Janeiro, Dulcina e Odilon arrendaram o Teatro Regina (que passou a se chamar Teatro Dulcina), cedendo o prédio para a primeira e única Fundação Brasileira de Teatro – promovendo uma revolução no cenário cultural carioca.
Grandes nomes do teatro nacional assinaram o documento de criação da FBT. Dentre eles, Paulo Autran, Adolfo Celi, Tônia Carreiro, Bibi Ferreira, Henriette Morineau, Yara Salles, Conchita e Átila de Moraes
Por intensos treze anos seguidos, a FBT funcionou no Rio de Janeiro, formando alguns dos mais importantes atores, diretores, cenógrafos e críticos do teatro brasileiro, como Rubens Corrêa, Ivan de Albuquerque, Yan Michalski, Cláudio Corrêa e Castro, João das Neves, Irene Ravache, dentre outros.
Mantidas pela FBT inauguram-se à época Academia Brasileira de Teatro, que futuramente se convertera na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, a Associação Brasileira de Teatro (um braço logístico da fundação) e a Revista de Teatro, publicação mensal com o que havia de melhor nas artes cênicas em cartaz.
Com a morte de Odilon Azevedo, em 1966, um novo momento marca a trajetória da FBT: a transição do Rio de Janeiro para Brasília, a nova capital.
sócios-fundadores
Grandes nomes das artes do Brasil assinaram o documento de criação da Fundação Brasileira de Teatro
Adolfo Celi
Antônio Callado
Antônio Pereira de Araújo
Armando de Assis Pacheco
Bandeira Duarte
Bibi Ferreira
Brenildo Meirelles Tavares
Cacilda Becker
Carlos dos Santos Brant
Cármen Dolores Caran
César Ladeira
Conchita de Moraes
Dary Hugo dos Reis
Dolores Caminha
Dniester Marques da Silva
Dulcina de Moraes
Edith Moraes
Elsa Deschatre Longoni
Floriano Faissal
Genolino Amado
Guilherme Figueiredo
Heber de Boscoli
Henriette Morineau
Ismenia dos Santos
J.M. Figueiredo Neto
Joracy Camargo
José Caran
José Paulo Moreira da Fonseca
Leana dos Reis
Leonice Léa Correia Leal
Licínio Ferreira Neves
Lúcia Benedetti
Luciano Trigo
Luiz Delfino
Luiz Iglesias
Manuel Durães
Margarita Haydeé Salaverry
Maria Clara Machado
Maria Jacintha
Neide Coelho
Odilon Azevedo
Oswaldo Motta
Paulo Autran
Pedro Bloch
Raymundo Magalhães Júnior
Renata Fronzi Ladeira
Sandro Polônio
Silveira Sampaio
Thereza Cristina Pinto Martins
Tônia Carrero
Victor Costa
Waldemar Figueiredo
Yara Salles
O primeiro time de docentes
Artistas de diferentes linguagens e da mais alta representatividade na cena nacional fizeram parte do início das atividades da FBT
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Adolfo Celi
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Bandeira Duarte
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Cecilia Meireles
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Dulcina de Moraes
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Elsie Lessa
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Eduardo Laeffler
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Gilberto Amado
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Hector Henriques
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Henriette Morineau
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Henrique Oscar Silva Araújo
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João Cabral de Melo Neto
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José Carlos Lisboa
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José Paulo Moreira da Fonseca
Josué Montello
Junito Souza Brandão
Ledo Ivo
Luciano Trigo
Margarida Bandeira Duarte
Maria Clara Machado
Renato Alvim Correia
Roland Corbisier
Adonias Filho
Alceu Amoroso Lima
Ataíde Coutinho
Guerreiro Ramos.
dulcina
de moraes
Vinda e permanência no DF
No final dos anos 1960, à época da recém-inaugurada Brasília, Dulcina foi incentivada por personalidades como Darcy Ribeiro e Sarah Kubitcheck a transferir sua fundação para a Nova Capital.
A iniciativa, cercada de lendas, como Dulcina ter sonhado com uma cidade de terra vermelha e ter, aleatoriamente, escolhido o local do terreno do edifício da fundação fechando os olhos e apontando o dedo no mapa, rendeu anos de árduo trabalho até sua completa realização. A atriz mudou-se para o DF em 1972 e, para isso, vendeu seu teatro e sua casa no Rio, doando todo seu dinheiro para a construção do edifício que até hoje abriga a Fundação Brasileira de Teatro e suas principais instituições por ela mantidas, a Faculdade de Artes Dulcina de Morais, a Galeria de Arte e o Teatro Dulcina. O prédio fica no Setor de Diversões Sul, centro de Brasília, a menos de 2km da Esplanada dos Ministérios.
Um reduto cultural de primeira ordem que, por anos, movimentou a cena artística por meio de espetáculos locais, nacionais e internacionais, mostras, festivais, simpósios, seminários, gravações de TV, filmagens, exposições de artes visuais, performances e instalações.
Dulcina de Moraes faleceu em 1996 e a Fundação Brasileira de Teatro permanece ativa, firmando sua vocação de um espaço de formação em arte e promovendo cultura.